terça-feira, 17 de novembro de 2009

 A noite seguia agitada. Show do Man or Astroman? no Balroom. Artur atravessa a cidade de carro. Na altura do Maracanã colocou o microponto debaixo da língua. Sabia que ia levar mais ou menos tempo suficiente pra onda não bater enquanto estivesse dirigindo. Isa Maluca fez o mesmo. Usava aquele visual típico de guria de pista de skate: Baby look, calças largas, Adidas.
 Do lado de fora encontraram uma das gêmeas. Ele falou rápido e foi ficar com Isa. Ele adorava aqueles olhos de atriz de filme mudo. Entraram e deram logo de cara com o velho amigo que conheceu na fila da estréia do filme do Batman. Trazia um belo baseado. Fumaram todos. en quanto viam um clipe do Cardigans a onda bateu. Logo ia começar o show de uma das bandas de abertura. Muito boa. Autoramas.
 Uns fans de NOFX ficaram gritando boceta, mas a baixista com uma elegância rara pegou o microfone e disse:
- A mãe de vocês todos tem.
 Bocas caladas. O show tem que continuar. A onda bateu. Artur tinha entrado num frenesi alucinado de beijos com isa que correspondia, quase selvagem. Trepariam ali mesmo se pudessem.
Começou o show mas nem deram muita atenção. A musica era mais uma trilha para os beijos impiedosos que destruiam a solidão e o desespero como um maremototo. O show acabou. Um casal que morava proximo pediu carona, Artur topou. Sorria. A onda já o deixava dirigir. parecia que sua alma estava lavada e que as ruas estavam mais limpas, até o ar estava mais limpo. Atravessaram a cidade de novo até uma favela proxima à Vila Militar. entraram na favela e ficaram na fila aguardando o caregamento. Isa o beijava despudoradamente. Um sujeito se incomodou e tentou interromper puxando assunto. Nenhuma atenção lhe foi dada. Chegou a carga. Os dois casais saiam da favela quando o sujeito veio atrás.
Artur virou, olhou nos olhos do sujeito e disse:
- Tu é chato pra caralho.
O cara revelou porque tentava chamar atenção. gritava, ameaçava de morte. Eles já saiam da favelça quando co cara acertou um chute nas costas de Artur. Artur se virou e antes que o sujeito pudesse esboçar alguma reação, ja tinha levado um direto na boca. a dentadura caiu. Artur viu o sujeito e se sentiu atávicamente poderoso. Deu tantos socos. A cabeça do sujeito era um alvo bom o suficiente. Saiu correndo. Artur por sua vez saiu correndo atrás batendo e correndo. Quando chegou na porta da favela os olheiros voaram para cima de Artur que caiu no chão com uma rasteira. Um chute no nariz arrancou um punhado de sangue e o espancamento durou tempo o suficiente. Encolhido entre a birosca e os pé Artur tentava lutar contra a inconsciência, a falta de ar que o próprio sangue provocava entupindo seu nariz. A resistencia era fundamental a sobrevivência. Ele se cansaram e Artur escalou a birosca com o olho que ainda estava aberto viu os outros que olhavam de uma distância segura e foi em direção deles. Eles olharam para artur apavorados. Artur olhou para baixo e viu na camiseta uma gravata vermelha se expandindo pela camisa. Tirou a camisa, limpou o rosto e foi embora. A manhã deitava se sobre a cidade como uma salamandra de fogo. Artur riu, feliz por ter escapado com vida.

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